Bocaina inicia restauração da 5ª das 13 telas sacras de Calixto.

Bocaina inicia restauração da 5ª das 13 telas sacras de Calixto.


Publicado em: 25/02/2008 00:00

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O trabalho do Ateliê Raul Carvalho, de São Paulo, começou hoje sob a tela “Discípulos de Emaús”, que se encontra em “estado crítico”, patrocinado pela OHL Brasil, através da Lei Rouanet, aprovado pelo Ministério da Cultura.
Começou hoje a restauração da quinta tela de Benedito Calixto, da igreja matriz de  Bocaina, a 69 quilômetros a noroeste de Bauru e 310 da Capital.
As restauradoras Maria José Kretchetoff e Silvia kretchetoff, do Ateliê Raul Carvalho, de São Paulo, estão agora trabalhando sob a tela “Discípulos de Emaús”, pintada em 1925 por Calixto, colocado do lado esquerdo do altar da igreja matriz de São João de Bocaina.
A tela possui 280 X 185 cm, com as inscrições em latim “mane Nobiscu Quonian Advesp Et Rascit”( “Permaneça conosco. Porque já está anoitecendo”).
A restauração da tela está sendo patrocinada pela OHL Brasil – concessionária de estradas – através da Lei Rouanet, aprovado pelo Ministério da Cultura, no valor total de R$ 279 mil. A iniciativa do processo da restauração foi do prefeito João Francisco Bertoncello Danieletto, o Kiko Danieletto (PV).
Estado crítico
De acordo com Maria José Kretchetoff, a tela encontra-se em “estado bem crítico”.
“Encontramos bolhas, rasgos de acomodação. Tem perdas na região do céu. Antes da limpeza para restaurar a tela foi necessário fixarmos a camada pictórica para não ocorrer perdas”, explica ela.
Agora, fixada, será feita a limpeza da tela para depois fazermos a restauração completa da tela”.
Tempo
A restauradora Silvia Kretchetoff adianta que a tela “Discípulos de Emaús” dará mais trabalho para recuperação, mas voltará a normalidade após o trabalho.
“Estamos fazendo todo o esforço para entregar a tela restaurada até a semana Santa do dia 21 de abril. Mas está complicado porque o trabalho é mais árduo nessa tela do que nas outras e demora mais tempo”, comenta ela.
Análise preliminar de Silvia aponta que essa tela teve problemas com o calor, o que contribuiu para o estado atual da obra de Calixto.
Quatro das 13 telas já foram restauradas este ano: “Cristo no Monte das Oliveiras”, de 1925; “Deposição de Jesus Cristo”, de 1924; “Aparição do Anjo a Zacarias”, de 1924-1925; e “São João Batista com Herodes”, de 1924.     Processo de Restauração
Raul Carvalho conta como é feito o trabalho de restauro das 13 telas sacras de Calixto, que são pintadas a óleo  sobre tela sobre alvenaria.
O primeiro passo foi fazer uma documentação das telas: fotos antes, análise visual do estado de conservação e documentação escrita.
Raul Carvalho diagnosticou as etapas seguintes para restauro das telas.
“Vamos consolidar a pintura e a parede. Essas telas de óleo sobre tela foram coladas na alvenaria. Vimos descolamentos em algumas partes da tela”, explica ele.
A correção desse problema é feito pela aplicação de uma resina acrílica importada para colar a tela novamente na parede. Literalmente é um tubo plástico de soro de resina aplicada em baixo da tela.
Na etapa seguinte, os restauradores farão uma limpeza para remoção da sujeira superficial das telas.
“Vamos fazer também a remoção do verniz oxidado para vermos à pintura original”, continua Raul Carvalho.
Há, de acordo com ele, também áreas da tela que estão “craqueladas”, ou seja, com trincas provocadas pelo envelhecimento.
Assim, será feito uma fixação com assentamento dessas trincas. Poderemos fazer também pequenos retoques em pontos oxidados, por exemplo, por dejeto de insetos, que corroem a pintura.
Na finalização do trabalho de cada tela é aplicado um verniz importado especial para fixação e proteção, usado nos EUA e Europa.
Louvre de Paris
Os produtos químicos usados na restauração das 13 telas de Calixto são os mesmos utilizados no Louvre, de Paris, nos EUA, Japão e na Europa.
Todos os materiais usados são facilmente reversíveis para novos processos de restauro, argumenta Raul Carvalho.
Não são usadas tintas comuns, existe um código de ética dos restauradores profissionais.
“Os pigmentos importados fabricados para restauração de obras de arte evoluíram muito nos últimos 10 anos. Há testes de durabilidade em laboratórios de até 100 anos”, explica ele.
Experiência
Raul Carvalho e sua equipe tem vasta em restaurar telas de pintores famosos, como Portinaria, Di Cavalcanti e Calixto. Trabalham há 15 anos no ramo.
Outras obras de Calixto em São Paulo passaram pelas suas mãos.
“Restaurar é preservar o original da obra de arte. Restaurador não cria nada, não inventa nada e nem apaga. É um trabalho extremamente técnico e minucioso”, diz o profissional.         
Benedito Calixto
Benedito Calixto de Jesus nasceu em Itanhaém em 1853 e aos 18 anos já começou a pintar e expor seus quadros na Capital. Mudou-se para Santos e decorou o Teatro Guarani. De 1883 a 1885 estudou em Paris. Voltou para o Brasil e foi morar em São Vicente.
Por que Bocaina?
Calixto foi convidado a pintar em 1923 telas para a igreja de Jaú (SP). Teve um desentendimento com o padre da paróquia e foi convencido pelo cônego português, José, da igreja matriz de Bocaina, a fazer sua obra para a paróquia local.


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