Bocaina inicia restauração da tela de São João Batista.

Bocaina inicia restauração da tela de São João Batista.


Publicado em: 16/06/2008 00:00

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O Ateliê Raul Carvalho, de São Paulo, começou anteontem trabalho de restauro sob a tela “Salomé recebe a cabeça de São João Batista”, de 1924, de sua igreja matriz, através da Lei Rouanet, aprovado pelo Ministério da Cultura.
Começou anteontem a restauração da tela sacra “Salomé recebe a cabeça de São João Batista” de Benedito Calixto, da igreja matriz de Bocaina (69 quilômetros a noroeste de Bauru e 310 da Capital).
Já é a sétima - entre o acervo de 13 telas sacras do pintor alojados na igreja - que está sendo restaurada pelo Ateliê Raul Carvalho, da Capital, especializado neste tipo de trabalho, feito através da Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, com apoio da Prefeitura de Bocaina.
As restauradoras Maria José Kretchetoff e Silvia kretchetoff, do Ateliê, trabalham sob a tela “Salomé recebe a cabeça de São João Batista”,que foi pintada em 1924 por Calixto, e é considerada uma das mais belas obras do pintor, que além do valor cultural e artístico, possui um valor sentimental para o município, já que se trata a tela de São João Batista, padroeiro de Bocaina.
A tela possui 230X 175 cm, com as inscrições em latim “Misso Spiculatore – Praecepti Caput Ejus – In Disco”. Tradução: “Por um servo ordenou trazer a sua cabeça em uma bandeja”.  
A restauração dessa tela está sendo patrocinada por um grupo de empresários bocainenses (que preferem manter-se no anonimato) - através da Lei Rouanet, aprovado pelo Ministério da Cultura, e cujo no valor total é de R$ 279 mil. A iniciativa do processo da restauração foi do prefeito João Francisco Bertoncello Danieletto, o Kiko Danieletto (PV).
Muito Crítico
De acordo com o restaurador Raul Carvalho, que analisou a tela “Salomé recebe a cabeça de São João Batista”, os maiores problemas da obra estão relacionados às infiltrações e goteiras de água, que com o passar do tempo, ocasionaram manchas e escorrimentos de difícil solução.
“Em linguagem de restauração esse processo recebe o nome de lixiviação, onde os pigmentos são ‘arrastados’assim como parte do seu aglutinante”, explica Raul Carvalho.
As restauradoras Maria José Kretchetoff e Silvia kretchetoff, que trabalham sob a tela, explicam também que o processo de restauração passa pela fixação da policromina (tinta), uma limpeza superficial, outra mais profunda para eliminação do verniz oxidado, aplicação de fungicidas, retoque localizado e tratamento para eliminação das manchas.
“O acúmulo de sujidade superficial e os intensos craquelados e desprendimentos formam o quadro de deterioração dessa obra”, contam as duas restauradoras.
Como é feita a restauração
Raul Carvalho conta como é feito o trabalho de restauro das 13 telas sacras de Calixto, que são pintadas a óleo  sobre tela sobre alvenaria.
O primeiro passo foi fazer uma documentação das telas: fotos antes, análise visual do estado de conservação e documentação escrita.
Raul Carvalho diagnosticou as etapas seguintes para restauro das telas.
“Vamos consolidar a pintura e a parede. Essas telas de óleo sobre tela foram coladas na alvenaria. Vimos descolamentos em algumas partes da tela”, explica ele.
A correção desse problema é feito pela aplicação de uma resina acrílica importada para colar a tela novamente na parede. Literalmente é um tubo plástico de soro de resina aplicada em baixo da tela.
Na etapa seguinte, os restauradores farão uma limpeza para remoção da sujeira superficial das telas.
“Vamos fazer também a remoção do verniz oxidado para vermos à pintura original”, continua Raul Carvalho.
Há, de acordo com ele, também áreas da tela que estão “craqueladas”, ou seja, com trincas provocadas pelo envelhecimento.
Assim, será feito uma fixação com assentamento dessas trincas. Poderemos fazer também pequenos retoques em pontos oxidados, por exemplo, por dejeto de insetos, que corroem a pintura.
Na finalização do trabalho de cada tela é aplicado um verniz importado especial para fixação e proteção, usado nos EUA e Europa.
Louvre de Paris
Os produtos químicos usados na restauração das 13 telas de Calixto são os mesmos utilizados no Louvre, de Paris, nos EUA, Japão e na Europa.
Todos os materiais usados são facilmente reversíveis para novos processos de restauro, argumenta Raul Carvalho.
Não são usadas tintas comuns, existe um código de ética dos restauradores profissionais.
“Os pigmentos importados fabricados para restauração de obras de arte evoluíram muito nos últimos 10 anos. Há testes de durabilidade em laboratórios de até 100 anos”, explica ele.
Experiência
Raul Carvalho e sua equipe têm vasta em restaurar telas de pintores famosos, como Portinaria, Di Cavalcanti e Calixto. Trabalham há 15 anos no ramo.
Outras obras de Calixto em São Paulo passaram pelas suas mãos.
“Restaurar é preservar o original da obra de arte. Restaurador não cria nada, não inventa nada e nem apaga. É um trabalho extremamente técnico e minucioso”, diz o profissional.
Benedito Calixto
Benedito Calixto de Jesus nasceu em Itanhaém em 1853 e aos 18 anos já começou a pintar e expor seus quadros na Capital. Mudou-se para Santos e decorou o Teatro Guarani. De 1883 a 1885 estudou em Paris. Voltou para o Brasil e foi morar em São Vicente.
Por que Bocaina?
Calixto foi convidado a pintar em 1923 telas para a igreja de Jaú (SP). Teve um desentendimento com o padre da paróquia e foi convencido pelo cônego português, José, da igreja matriz de Bocaina, a fazer sua obra para a paróquia local.
 


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